
Decidi-me a aceitar o amigo virtual.
Tenho bons amigos de carne-e-osso e felizmente todos os dias mais alguém se aproxima desse degrau. Amigos distantes mas sempre presentes, que têm sido imprescindíveis na minha Estrada. Amigos à Walt Disney, amigos para sempre!
Mas o tempo que aqui passo, em frente ao monitor, levou a que a necessidade natural de comunicar se aliasse à sede pelo experimentalismo para me colocarem nesta nova fonte: o amigo virtual. Aquela entidade sem rosto, sem cheiro, sem temperatura e sem sexo, que encontramos em Blogs ou no Messenger. Amigo “apenas” pelas palavras lidas e trocadas.
O conceito não é novo, presumo que os Correspondentes existam desde que o Homem aprendeu a enviar a palavra. Fosse por papiro nas águas do Nilo, nuvem de fumo nas planícies norte-americanas ou a carta selada a-la século XX, o Homem gosta de trocar emoções com entidades absolutamente estranhas, de criar relações socialmente anómalas mas comprovadamente emocionalmente necessárias.
Eu decidi entrar por uma porta menos radical, a do hi5. É a que na selecção proporciona mais dados ao feeling, a que permite comunicar (estar) com alguém precisamente quando tu queres, tendo-se um contacto menos exigente e impessoal que p.e. o abominável Messenger.
Estou a gostar das companhias, das experiências e das respostas. Foi uma boa escolha.
As necessidades ocupam-me um pouco mais que o tempo disponível, mas é um tempo virtualmente de qualidade, na criação de confianças e no consumo de emoções, por isso ultrapasso-o com prazer.
Descobri que, tal como na vida real, me mantenho fiel aos primeiros amigos e os contacto regularmente, e que, mesmo não sendo aqueles com quem mais vezes estou são aqueles por quem tenho um maior carinho, na verdade um carinho surpreendentemente efectivo.
Descobri paginas e grupos que passei a visitar com assiduidade, descobri muito boa musica made in pt, descobri diálogos interessantíssimos com colegas artistas e desportistas, descobri mais ideias… e claro, descobri profissionais da Net, compradores, vendedores, prestadores de serviços, e gente muito marada dos cornos, mas (por enquanto) este factor apenas acrescenta gozo a este enorme mundo em que habitam os amigos virtuais.
Diferente do Mundo “lá fora” é a intensidade que se emprega em cada relacionamento, e a possibilidade de não termos terceiros a opinar sobre o nosso amigo. Tudo o resto me parece, à sua escala, cativantemente semelhante. Mas vamos ver…
Abraço virtual