quinta-feira, novembro 29

Votos

Lembro-me da primeira vez que se realizaram eleições livres em Portugal, fui com a minha mãe aos pavilhões da Bartolomeu Dias, rogando-lhe pelo caminho que votasse no PPM para voltarmos a ter reis e o Robin Hood puder regressar.

Lembro-me da primeira vez que votei, foi para a CEE e desenhei no boletim um espectacular pénis, com veias sombreadas e nervos quase 3D, quando sai do cubículo toda a gente sabia que eu tinha votado nulo.

Hoje sou apartidário por não acreditar na competência e liberdade de acção de nenhum político.
Voto nas autárquicas onde defendo a continuidade eterna do maior Pirata da Linha, o Isaltino Morais, que pelo menos se consegue encher sem deixar de também enriquecer o concelho.
Voto nos referendos, sempre na proposta menos conservadora, leia-se: menos ultrapassada.
E de resto, desde tenro eleitor que poupo o dinheiro da tinta ao erário mas voto sempre, se não votasse não me sentia no direito de criticar!

Abraço sufragado

segunda-feira, novembro 26

Filhices


Entregou-me uma guerreira-espacial e disse:

“Eu sou o pai tu és a mãe. Eu estou com fome...”

Constatação que não sou eu quem educa a minha filhota...

Abraços

sexta-feira, novembro 23

Caixa

Sempre que entrava no armário roçava-lhe numa perna desajeitada e lembrava-se dela. A caixa assinada, testemunha do quotidiano por uns dias, passagem por onde pela primeira vez desfasados nos tempos se tocaram.

Soube que era altura de revelar os seus encantos. Sentou-se no quente da alcatifa, olhou a cúpula cinzenta cega de estrelas ou lua mas acesa, leu-lhe mais um nome, leu-lhe a escrita ampla nas arestas e corrida nas gordas, leu-lhe pensamentos, intenções, leu-lhe o carinho e, nessa ternura a trespassou a x-acto.

Violado o cubo foi lavado pelo odor adocicado, aveludado, inebriante… desejou que fosse o aroma da sua pele, e sentiu-a tremer expectante, lançando-se em roteiros de possíveis expressões corporais, adivinhando-o mal o sabendo.

Por fim, a preto & branco, a coelhinha. Enorme, lindíssima e de afago viciante, duplamente griffada pelo Ícone da masculinidade dos anos 80. Ele sabe que já não o é, já não o pretende ser, mas não lhe desagrada ainda conseguir receber destas criticas, fazem tão bem ao ego como um grande carro, pensou-se.

No seu novo casulo perdeu-se num cigarro. Olhou o telemóvel, depois o teclado e despalavrado saiu, foi dar um beijo ao Mar chovido, para exponenciar no imediato o privilégio de regressar gelado e nela refugiar qualquer frio.

Abraços

segunda-feira, novembro 19

Blogs (anotações)


a- Escrever na primeira pessoa retira a distancia que deve existir entre o escritor e o observador, é por isso que eu sou um autor.

b- Protegemos as imagens dos nossos filhos, reféns de um lunático que não tem mais que fazer senão andar a ler Blogs à procura de uma vítima. E nas ruas, protegemo-los com mascaras?...

c- O carácter “Anónimo” do Bloguer… percebo o encanto do Bergerac mas parece-me que o Artista faz parte da obra, não deve é ser moldura da mesma.

d- Existem Bloguers capazes de comentar com dezenas de Copy-Paste, são aquelas visitas que deviam ser varridas a Vírus.

e- É desaconselhável “chatar”, algo que felizmente tem vindo a ser quebrado à escala global. Deve-se promover a troca de informação, nem que seja a rara info de um chatista.

f- Não opinar mas sim apreciar, a menos que pedido. É uma pseudo regra que me agrada bastante mas à qual infelizmente não me consigo manter fiel. No entanto é uma boa forma de se passar mais tempo a ginasticar o paladar do cérebro e menos tempo a roçar as intimidades nos assentos.

g- Ai o que me irritam aqueles Blogs em que não se responde a absolutamente ninguém… dá uma tremenda vontade de avacalhar para ver se está alguém do outro lado.

h- E os outros, que respondem a toda a gente mas fora-de-portas, que nos brindam com arrepiantes Off Topics em resposta ao comentário que lhe deixámos na semana anterior.

i- As letras de segurança antes de se puder postar, são uma seca!

j- No início irritavam-me os Blogs com imagens protegidas, hoje compreendo-os. Mas os textos protegidos ainda me afectam o sistema… and btw, facilmente saco, tanto texto como imagens.

l- Existem relações muito sérias nos Blogs.

Ablogaços

sexta-feira, novembro 16

`Bom Na Cama´

A queridíssima Momentos (que já recebeu prémios de Grelos & Tomates) não teve ousadia para responder ao desafio implícito no mimo com que a brindaram. Mas, cúmulo do descaramento, teve a ternura de me brindar a mim (que não gosto nadinha do tema) com o desafio: Bom Na Cama ?

A dormir sou péssimo. Tenho joelhos e cotovelos contundentes, e desconheço a palavra egoísmo no que refere a roupa de cama.
Acordado… não tenho um historial da avaliação das performances mas há quem diga que sou o melhor até à data, e há quem diga que sou desajeitado.
Pessoalmente penso que tanto acordado como a dormir não sou Bom Na Cama, limito-me a ter os corpos na medida do feeling, como toda a gente.


Nomear 5 bloggers (não exclusivamente do sexo oposto) que, pelas razões mais diversas, imaginem ser bons na cama.

Dee
Mari Crrrrruuuu
Teresa Durães

Seria mais atrevido responder quais os/as bloggers com quem julgo que me sentiria melhor na cama.

Pode-se ser atropelado durante horas pela nata da sexualidade técnico cognitiva, e ter um orgasmo atravessado… essencial é o que sentimos pelo parceiro, é o sentir que exponencia, que purga corpo e alma até ao tutano, como deve ser o sexo.

Expliquem, em traços gerais, o que é, para vocês, a definição de "bom na cama". Se quiserem desenvolver e explicar as vossas escolhas, parece-nos bem.

Bom Na Cama é todo o parceiro que sexualmente nos completa e que dorme sem nos destapar.

Deixar um comentário no blog dessa pessoa para que saiba que foi nomeada. O ideal será escreverem: "Acho que és bom/ boa na cama. Desafio-te no meu blog...", mas poderão ser mais comedidos.

É já a seguir…

Não podem ser nomeados:

Os autores do desafio: Bad e Ervi. É claro que somos bons na cama, e por isso não podemos tirar a competitividade a isto.

E nós temos de acreditar na palavra dos autores… parabéns a eles pela iniciativa.

Pessoas que se conheçam pessoalmente. Este é apenas um exercício de imaginação. Afinal, o erotismo está no cérebro, não é? O corpo reage, o cérebro age.

Esta alínea é uma tremenda castração mas é também graças a ela que este desafio/mimo se torna um exercicio interessante.

Pessoas que não conhecem pessoalmente, mas com as quais já estiveram na cama.(É IMPRESSÃO MINHA MAS ISTO NÃO ESTÁ A FAZER SENTIDO?)

Isso acontecia-me bastante no século XX.

Importante: se conhecem (no sentido bíblico da palavra) alguém que foi nomeado, e até sabem que não é bem assim, não queremos saber. Nas camas virtuais é bom quem nós achamos que é. Ao menos nessas que não existam desilusões...

Cool

Abraços longe da cama



quarta-feira, novembro 14

Pouso-me

Ergo mantas em corpos estacadas.

Amparo ou almofada, sou alpha de uma cadela.
Trepando-me pernas, tronco e rosto, sou embaraço no espaço da filhota.
Estendo o braço para um carinho na mulher, beijo na parte da filha que me preceder os lábios, e aconchego ao cão.

Fetalmente, cozo as roupas à garganta e saboreio o arrepio bruto do calor da alcateia. Não tive oportunidade de o recolher no Outono passado...

Escorro-me exausto pelo olhar, e esqueço-me num sono curto sem sonhos sem repouso, intervalo entre cigarros.

sábado, novembro 10

Tu és o Sangue

Duas vezes olhou o sangue porque todo esse respeito lhe merecia.

Esvaziava-se morno e denso da palavra para a barba, onde se entrelaçava numa chuva mansa que se perdia em slides pontilhistas na tela das mamas.

Do peito esquerdo, perfeito da tez do mamilo ao acomodar-se na palma, fluía exuberante rio, tatuando linhas divinas até se recolher na púbis, farta em prazer, obra d´Arte de ler.

Do direito, modesto na alegria da dimensão e tribulado no receber, arrastava-se pelo abdómen em penosos jorros que clareavam no cós da pele, onde coagulavam num empecilho de termos.

Voltou a olhar... e descobriu uma qualquer forma de amar.

Abraços meus

terça-feira, novembro 6

Quarentão

Tenho um passado bastante interessante.
Tenho um presente bem cool.
E tenho um futuro.
Abraços
AC

segunda-feira, novembro 5

Socialidades

Barebacking significa no calão da comunidade homossexual: relação anal sem protecção, termo adoptado pela comunidade heterossexual como: relação sexual sem preservativo.

Existe uma comunidade crescente de Homens que não querem ser reféns da hipótese de uma doença. Homens que encontram prazer no jogo da hipótese do contágio, expondo-se ao SIDA como uma das respostas mais alternativas e iluminadas da história da consciência social.

Barebacking
Não usar protecção é ser natural.
Não usar protecção acrescenta a adrenalina do risco ao libido.


Bug Chasers
Não usar protecção permite ser infectado e ficar de uma vez por todas livre desse pavor que hoje, com a esperança media de vida do sero-positivo alongada em quase duas décadas, permite afirmar que quem for infectado hoje não morrerá do SIDA, logo, não tem razões para temer o contágio.


O mainstreamismo desta escolha de vida é atribuído ao artigo Bug Chasers - The men who long to be HIV+ publicado no inicio de 2003 na Revista RollingStone
- He's had sex with Richard about thirty times in the past year. "Knowing he's positive just makes it more fun for me," he says. "It's erotic that someone is breeding me."
- "It's like living with diabetes. You take a few pills and get on with your life."

Existem neste momento festas Barebacking organizadas em exclusivo para Bug Chasers onde sãos e infectados se amam a-la veneziana, mas de orgãos.

De Barebacker todos temos o seu quanto.
De Bug Chaser, com o sistema de saúde nacional, é preferivel não o sermos... embora esteja fascinado pela resposta social à peste da minha geração.

Abraços

(obrigada pelo tema Lic)

quinta-feira, novembro 1

Funâmbulos de Esperma

Acariciava-se com o vagar de quem me tem seu. Não me ensinava novas do sentir-se, passeava-se apenas com nossos dedos, e mesmo nos desleixos do percorrer, recusava debandar os olhos que fundo nos meus encontravam fasquias.

Da largura dos ombros ergueu-se pelo pescoço elegância, num impulso que lhe redesenhou o charme dos malares, desabrochando-se em palavra por entre os lábios vincados pela mordedura: Não permitas que me venha meu Amor, implorou-me ventre tornada. E sem razões saber, preguei-a aos cantos do estirador, mão e pé juntos, laçada em asfixia pelos cabos do portátil.

E contemplei-a…
Contorcia-se a vulva com o olhar que no arfar a admirava, distendiam-se ancas e abdominais procurando alcançar homem, e no topo ondulavam no vascular dos peitos hirtos mamilos. Aticei-lhes meus dedos que desde o cóccix a perseguiram ancas acima até aos ombros, para num todo a trazer para o beijo, e só então se cravejaram os dedos nas hastes, com tal fundir que se sobrepôs o grito ao ainda existente do beijo sorvido.
Senti-lhe o pulsar do diafragma mitigar o tórax ensaiando esvair-se, e afastei-me seguido pelo seu protesto.

Rodeei o móvel mastigando-lhe o pescoço exposto pelo peso dos cabelos que se abraçaram às minhas rótulas quando lhe entupi o protesto e, acto seguido, me relancei sobre o fruto caldado pelo intervalo. Língua e dedos vortex do desejo com que lhe tatuava a traqueia.

Repelia-me a garganta asfixiada, mais e mais a cada refração do abdomen que se esvaziou em seco espasmo pronto a concretizar todos os sentidos, e no seu esvaziar me retirei concedendo-lhe maxilares para tornar ao protesto, agora cantado no timbre do pranto.

Pingava-mos-nos pelo queixo, lábios inflados.
Tornozelos e mãos empunhei-lhe, escorregando-me monarca entre paraísos, atormentando-nos com coitos até por fim nos tornar um por inteiro.
Vazou-se-lhe toda a expressão do rosto para os glúteos que no contrair engrossaram o empalo num não mais puder suster que se retorcia no dedilhar de meus dedos.
Possui-a infame até convulsar eu próprio e me aperceber egoísta da memória dela. Travado, encontrei-a atravessada no início do meu nome. Voltou ao olhar para me fulminar e abandonou-se num monólogo de misérias.

Descrucifiquei-a, mais para lhe sentir tornar a perfeição da tez que por conforto, e troquei-me para a rua do útero, onde espasmódico lhe recebi os sobressaltos do sangue vida redescobrindo as artérias secas dos membros dormentes.

Repousou os segundos de ter peito e, reenchida, lançou-nos com ira no soalho, página branca das nossas ordens.


Abraços

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Algés, Oeiras, Portugal
eu sou quem