segunda-feira, abril 30

Fim-de-semana suado

Este fim-de-semana vivi dois concertos. Fotografei, cantei e dancei. Dói-me o pescoço, as pernas e as costelas. Foi catartico!

CINE TEATRO DE CORROIOS (margem sul)

HO CHI MINH
Uma banda de miúdos Alentejanos que tocam como gente graúda.
Um som pesado, rápido por vezes, mas muito melódico, o que aliado a uma poderosíssima imagem em palco os coloca nas minhas preferidas made in Pt.
EP com quatro faixas já à venda, mas em CD nunca é a mesma coisa…

SIMBIOSE
Desconheço a origem da banda, mas reconheço um dos vocalistas de uma loja radical em Linda-a-Velha (Oeiras)
Som pesado, brutal mesmo, demasiado para mim… eu gosto de música.
Respeito a sua arte, claro.

DEVIL IN ME
Do Algarve a Lisboa, estes miúdos são de todo o lado, mas para mim são a banda do sobrinho do meu Buddy.
Hard Core com “malhas” sublimes pela agressão, mas também momentos demasiado leves, comerciais. Em palco, com o corpo atingem extremos do sentir, são espectaculares!
Editaram recentemente o seu segundo trabalho, Brothers in Arms (como o do Knopfler), mas é ao vivo, ao vivo é que eles são o Rock n Roll!

RATOS DO PORÃO
Na tournée dos seus 25 anos de carreira, os Brasileiros voltaram a prendar-nos com tudo o que de si era esperado. Quem gosta, amou. Quem, como eu, só gosta um bocadinho, não ficou defraudado. Poderosos tanto no som como na presença, Ícones dizem alguns.

MUSIC BOX (cais-do-sodré)

(photo by Tulio)


RIDING PÂNICO
A melhor banda nacional voltou a inundar-me os tímpanos com tudo o que neles amo. Os degradées do belo para o divino, que se ultrapassam ainda nos trastes mais difíceis das quatro guitarras. A presença sóbria e desconcertante, de quem ama lentamente. Que grade som, obrigado pessoal.
EP com 4 faixas à venda na FNAC do Chiado.

IF LUCY FELL
Mais uma banda de miúdos made in Pt com um som bastante diferente, um som duro, possuído, um som que se rasga nos tempos, e que a eles volta com brutalidade. A presença em palco… é para sentir, no meu caso de longe porque o grito só pelo grito não merece que gaste o pouco de tímpanos que me resta.
Demo CD com quatro faixas e LP "you make me nervous" já à venda, mas em CD de certeza absoluta que não é a mesma coisa.

THESE ARMS ARE SNAKES
Quatro americanos que chegaram ao palco e o encheram, e dele saltaram, e para ele me puxaram, e aquele pobre daquele vocalista ontem quando acordou teve de tomar muita coisa para as dores… ele e eu, porque raramente estivemos a mais de um metro de distancia.
O som? Gostei imenso mas não o posso definir, os meus neurónios já não me permitem dançar e ouvir, só sinto, e gostei muito do que senti!

Está portanto bem e recomenda-se a cena musical de Lisboa, mas o melhor mesmo é sentir que está muito bem e se recomenda a musica made in Pt.

Abraço devagarinho

É sempre interessante viver os fandons desta Lisboa.
A margem sul é pesada, perigosa mas amiga.
O Cais é jovem, é limpo, igualmente pesado mas muito mais picuinhas.

domingo, abril 29

20 dedos


Os seus parágrafos são divinos, os meus… sem pretensões, rudemente tentam acompanhar o perfeito.
Tive a honra de partilhar verbos com o mais doce dos sonhos da (minha) Blogosfera.
Paragrafo a paragrafo, nuns minutos parimos isto:

"Não tenho nada comigo"

Apareceu despojado de todos os acessórios, simples como uma pena que voava calmamente ao sabor do Vento. Era feliz, sem nada ter, sem nada possuir.
- "Para que ter uma piscina, se posso ter todos os Lagos do mundo?"

Apareceu e disse sem temor o que bebera. Apareceu e olhou sem temor este continente. Muitos havia visitado mas poucos percorrido, e agora neste novo repousava.

No repouso da Alma vive um guerreiro da paz, descansa na escuridão, por fim encontrara a espada capaz de lhe indicar o que sempre procurou... Nada temia, porque um guerreiro, nada teme, vive como barco sem leme, naufrago da vida...
- "Que belo Continente! Descansarei a Noite! Só ela me seduz, prende-me no Ser, abraça-me no Sentir". - dizia a voz sedenta de viver.

Entendes tu que tanto percorri para encontrar o tu que és? Entendes tu que o repouso simples mais rico é que o dia? Por isso te encontrei voz da Noite que no sonho não me reclama, por isso aqui repouso, sem rumo mas com sentir.

Quantas marés, quando lodo das lagoas visitaste, Nenúfar branco? Quantas paixões, quantos enledos, quantas vezes lágrimas encheram os rios? Descansa, tens uma lagoa no cimo do monte que criei para ti, esta cheia de Amor puro, alquimia do mais puro sentir, lágrimas nada mais são do que diamantes, vindas de ti!

O monte subirei para na lagoa banhar meu corpo magro, pensou mais do que disse, segundos antes de despertar. O monte subirei para beber desse amor, dessa alquimia! Sem acessórios, olhou o alto e com alegria ordenou ao corpo que andasse.

E do nada, que é tudo apareceu no céu a Lua, todas as noites aparece bem bonita, muda às vezes de cor e feitio, para enfeitiçar o Amante, que sem nada alcançou um diadema de Sentidos que todos as noites o fazem subir ao monte, vai ter com a Lua... E, de Dia, desce sempre extasiado de tanto a Lua, durante a Noite Amar. Será? Vale a pena acreditar nesse instante, nesse nada, nesse vazio, simples Sentir, gesto no ar... Verbos que se prendem com o olhar de quem não se cansa, nunca, do pouco que tem, partilhar...

Consta-se que Amar passa pelo Acreditar, sobe, sente, partilha, a Lua estará sempre lá para te abraçar...

Abraço com uma
Papoila Sonhadora

sexta-feira, abril 27

Dia com data

Há braços com peito que são o resto de nós.
Mãos que do toque brota a nossa essência.
Lábios que abertos forjam o fado azul.
Há todo um eu em ti que não posso reaver.


De ti não trouxe mais que esta voz,
este constante pedido de clemência:
“Pára, fecha os olhos, por amor repousa…”

Frondoso o amor em ti se reuniu, tu és o amor!
Como existo sem ti se tudo o que sou te ama?

Trajo o manto do arrependimento.
Caminho o dorso do desperdício.
Sou um eco!

Abraço do inicio

No dia em que nascemos morro-te para renascer.
Aqui estou, qual é a próxima paragem por favor?

quinta-feira, abril 26

Amiga de sempre


Longos períodos passámos na desavença mas somos amigos à uma vida.
Namorados por uns dias, fomo-lo toda a infância.
Não nos vemos à um século mas diariamente a encontro.

Com ela cresci quando os quintais eram cor, risos, crianças… mais de dez contava eu naqueles três prédios. Hoje, quando regresso, os quintais estão abandonados, tristes, vazios de infantes, vazios os rostos que nos educaram… são outros quintais hoje.

Com ela, que mesmo não o tendo sido considero a minha primeira mulher, descobri, revelei e construí, a essência e o corpo. Como se fosse sua obra o princípio de mim, como se fossem seus os primeiros mamilos que beijei, como se fosse em si que descobri a Noite.

Com ela, joguei à bola, às casinhas, ao elástico, às cartas, aos amigos, ao homem e à mulher. Foram para si as primeiras palavras que escrevi. Sentados nos muros das traseiras, aprendi a conversar, aprendi a musica, a praia, o telefone, as danças… aprendi a superioridade da Mulher. Foi ela quem disse que as mulheres teem de ser cuidadas, lição que por sua causa aleija cada vez que infrinjo, e infringir é a minha sina.

Amo-te amiga de sempre, e o Alentejo ali tão perto…

Abraço de toda uma vida

terça-feira, abril 24

Lurkers

Existem Blogs que são almas, Blogs que são fachadas, Blogs que trucidam o português. Blogs saudáveis, Blogs doentes, de autores conhecidos, desconhecidos... Existem Blogs como existem feitios, ou mais, porque aqui as oportunidades de expansão do carácter dependem apenas da Arte do blogista.

Eu entro e vou directo ao frigorífico, depois dou a volta às vistas para me situar no espaço e finalmente sento-me para estar com as pessoas. Sou assim em todas as casas e sou assim em todos os Blogs, até ao dia que me pedirem para endireitar no sofá.

A ideia de ser uma mosquinha (invisível, não fosse pelo “contador de visitas”) esvoaçando de sala em sala, de todos recebendo e a ninguém entregando, não me serve! Rejeito uma vida contemplativa, mesmo que no virtual, dificilmente poderia ser um Lurker.

Aos Lurkers genuínos, ao leitor que será para sempre desconhecido do autor, obrigado pela atenção. Ante o ror de escolhas, a escassez de tempo, e a quantidade de olhos com dedos que pelas janelas se imortalizam, percebo que o utilizador se sinta constrangido a opinar, que se sinta mais confortável lendo sem intervir, como um Deus, o deus Lurker. Não simpatizo com esta forma de estar na blogosfera mas respeito-a.

Quem eu não consigo respeitar é o Lurker que, no Mundo Real, se emancipa e aborda temas do Blog. É desconfortável, são realidades distintas. Quem não opina in Blog não tem o direito moral de opinar sobre este fora deste! Escrevo no Blog quando sou blogista, não quero relatar amores fulminantes à volta de um prato de caracóis, nem a ira do raciocínio no sossego de um novo CD.

Abraço interactivo

(Existe um cumprimento secreto para o pessoal que se conhece da blogosfera? Tipo os Maçons e os Trekies ?)

segunda-feira, abril 23

Recomeços

Acorda miúdo, a audição quer falar contigo.
A estas horas?... tenho um bom relógio biológico, a estas horas nem que fosse a Alexandra Lencastre.
Mas olha que é precisamente por ser “a estas horas” que deve ser algo desagradável ou importante...
Melhor ainda! Noticias más ou urgentes quanto mais tarde as souber melhor, mais tempo vivi sem esse calhau na alma.

O braço, com a mão trouxe-me um aparelho.

Número sem nome, mas é um número que não me é estranho... merda! é o número dela.
Desperta sacanice, apruma-te hipocrisia, preciso de ti saliva. Alguém me vista a personagem 48...

Sim? Olá, bem me parecia que eras tu... o teu homem? Sim está aqui (sem fazer a mínima ideia que desculpa ele tinha deixado em casa, mas esta costuma servir) está a dormir, ontem exagerou um bocado... falar com ele? Deixa-me acordar que já te ligo.

Estes inconscientes que te obrigam a mentir a amigos, são outros amigos que já fizeram o mesmo por ti.

Desta vez correu muito mal, fomos descobertos. Menos uma casa onde jantar...

Hoje coloco acima de mim, o sofrer de uma amiga traída.
Amanha preencho com a felicidade de um amigo completado.

Abraço atestado de inveja da esperança dos outros.

sábado, abril 21

Lava-me

Imagina o Mar, o mesmo que dedicas-te umas quantas de vezes a outras tantas mulheres...

Agora arranca pelos olhos essa magua, esfola-a mesmo que leve de ti pedaços.
Não receies o grito, com ele edifica uma pira que se acenderá pela raiva da injustiça.

Nessa chama segura com ambas as mãos tudo o que és e agora esfolas-te, imola essa magua, que em conjunto se dissolva com tudo o que teus dedos sentiram.
Não receies o grito, com ele cria um lábio de Mar para que possa cuspir-se e desaparecer numa vaga todo o sentir de ontem.

Deixa a cicatriz raer o altar, para que se junte ao fumo e não reste traço de nós.

Agora banha-te e no hoje seca-te.
Como te sentes?

Abraço de Abril

quinta-feira, abril 19

Dias

Chega amor! disse-lhe. Somos um silencio degradante, insano quando quebrado.
Chega amor!
disse-lhe.
Porque saturámos o que fomos!
E proponho amor,
disse-lhe,
que a filhota passe quarto de Lua com cada um.

- “Sim...”, respondeu.

Vou partir amor, até já...
- “Não!”, retorquiu, colocando a filhota no tabuleiro, pela primeira vez na vida mentindo-me.

Nesse dia, mais que decepcionar, arredou-me das marés que desfraldado já rumava.

Dias passaram mas sai, para regressar, e amo-a claro. A mentira e a chantagem são humanas e eu amo o Homem, não gosto é de pessoas, e de gente...

Abraço humano

quarta-feira, abril 18

Bons Dias

Isso... isso... conduzia-me num gemido sofrido. Olhos cerrados, mãos fincadas nas minhas sobre os peitos, estrangulando os bicos.

Inspirando do útero, lábios nos lábios, língua procurando-me em ti que és o nós, que és o eu. Um amor sacrificial, ágape que me faz doer todas as palavras comuns e não comuns.

Fluidos, secreções... de teus lábios ingeri o nosso amor, viciei-me em bebe-lo, e foi-me entregue em hordas. Banhou-me o rosto, entrelaçou-se nos cabelos, escorreu-me pelo peito.

Raramente estou bem com os dias mas tive dias bem saborosos.

Abraço marcado

terça-feira, abril 17

Thinking Blogger Award

Por ser “um dos 5 blogs que a faz pensar” tive a honra de ser nomeado pela amiga SONY com o thinking blogger award que orgulhosamente ostento à direita por baixo do meu Avatar.

É gratificante ser premiado porque existe alguém na blogosfera que me lê e pensa no que escrevo. Perfuma o carácter dos textos, compromete o empenho do autor e é recebido com um enorme abraço pelo Ego.

Muito obrigada por esta distinção Sónia, a devida vénia à maquinista do tempo.

Tenho agora de nomear 5 Blogs que me façam pensar, o que é extremamente injusto porque eu preferia recompensar os 5 Blogs que mais visito, onde passo mais tempo, ou onde me sinto mais confortável, mas não... são-me pedidos aqueles que me fazem pensar.
Pois eu penso que os Blogs que mais me fazem pensar são aqueles onde mais sinto porque eu mais que pensar SINTO!

O Blog onde eu passo mais tempo é um Blog fechado, por isso INFELIZMENTE não o vou nomear, mas deixo aquele abraço para a família Pitchulo.

Outra das visitas obrigatórias
é o ALGUÉM ME DISSE!!! by Sony. Normalmente estaria no meu Top mas como ela já foi distinguida vou dar prazer a outro alguém.

E os nomeados são:

A ULTIMA JORNADAMestre
O Mestre é um conhecido de andanças mais físicas que visito diariamente para dizer qualquer coisa, como o Homem que passa de manha no quiosque preferido para beber a bica e falar do dia de ontem.

GIRA À MINHA VOLTAPratas
O Pratas é um dos primeiros amigos do Dias. Tenho-me mantido fiel às palavras deste estranho a quem diariamente vou aprendendo e apreendendo.

PAPOILA SONHADORAPapoila Sonhadora
É o espaço onde repouso para acordar num futuro próximo, a minha Avalon. Tenho lido de tudo na blogosfera, mas nada tão eloquente como os Universos encantados relatados pela doçura dos verbos que a Papoila nos tem oferecido.

SOPRO DA ALMACleopatra
Neste momento a Cleo entrou em stand by, o que tem sido uma perca enorme para a qualidade da minha blogovida, porque os seus textos faziam parte dos meus dias, sem ela sinto-me mais sozinho.

VERO PIACERE – Marisa
A Marisa é uma amiga virtual recentíssima que de imediato me cativou pelos sincronismos emocionais, um daqueles espaços que equiparo às esplanadas de final de tarde, onde me sento para conversar quase comigo próprio.

"Estes amigos devem copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs. De seguida devem nomear os cinco blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los."

Quando e se tiverem tempo... e se não o fizerem por favor não se apoquentem, porque o que fica é que EU GOSTO MUITO DE VISITAR OS VOSSOS BLOGS. Muito obrigado a vocês e a todos os que não pude mencionar, por tornarem a minha vida mais gira.

Abraço que faz alguém pensar

segunda-feira, abril 16

A meio de Abril

Tenho noção que sou um "velho" com alguma presença, mas também tenho noção que essa presença está drasticamente afectada por este maldito Abril, o mês que me esgana como nenhum outro.

Percebo-o porque socialmente me reduzi ao estar com os amigos. É fabuloso respirá-los mas o Homem precisa de algo mais, precisa também de desconhecidos.

Percebo-o porque quando piso a calçada preciso de me refugiar nos óculos escuros e leitor de mp3. Sem eles sinto-me vulnerável, acessível, banal.

Percebo-o porque a alusão aos locais e situações se tornaram insuportáveis, inundam de sal meus olhos uma e outra vez, incontroláveis.

Percebo-o porque conversar se tornou num acto complexo. Da garganta jorram termos desconexos que não me permitem transmitir ideias e conceitos de forma reconhecível.

Percebo-o porque não me masturbo, não tenho apetite ou musa.

Percebo-o porque o inconsciente se esforça por encontrar ardis para flagelar o corpo, num lento suicídio.

Percebo-o porque o consciente não está em mim, agoniza algures dentro de um peito.

Imploro que Abril acabe! Anseio que a intensidade do sentir diminua, para que possa continuar os meus dias com alguma dignidade.


Abraço de meio Abril

sexta-feira, abril 13

A Parabola dos Cegos


E aquele amigo que está a passar pelo que tu passas-te e te matou, o que dizer a esse amigo?

Que não o faça?
Que não viva as mesmas alegrias que tu viveste?!
Que não seja imensamente feliz porque será imensamente infeliz?...

Compensa amigo! é a única frase honesta com que o podes encarar. Viver compensa tudo, até a morte!

O cego guiando os cegos...

Abraço grande

Imagens by Brueghel o Velho, um dos artistas mais espantosos da história das Artes Plásticas.


http://www.pieter-bruegel.com/



quinta-feira, abril 12

Os do costume

Andorinhas, Pardais, Azedas, Cardos e Trevos, são daquelas companhias “até que a morte nos separe”.

Aplaudiram o peão e os berlindes, trovaram o primeiro amor, fustigaram a recruta, e hoje inspiram o homem.

São eles quem se despede quando parto, quem me acompanha nos caminhos, quem me recebe quando lá chego e quem me respira quando não chego lá.


São elementos ubíquos no decor dos meus dias.
Quando não os vejo oiço-os, sei que estão sempre cá e lá, seja onde for o lá, e estão sempre iguais a si próprios, prontos para continuarmos.

Abraço do costume

quarta-feira, abril 11

Intervalo


Ultimo número da Revista Paintball, mp3 player, uma cerveja e o Rio.

Ali ao lado fica a confusão, a barulheira, a selvajaria da 24 de Julho.
Aqui, fico eu na minha redoma.

Há dias que por dois quartos-de-hora valem a pena.

Abraço do Rio.

terça-feira, abril 10

A macumba do Mané

Todos os meses o Mané envia dois cheques para Cabo-Verde. Um para que a família suporte menos mal o paraíso dos outros, e outro para que o seu intermediário de Deus interceda em favor da família e do Benfica.
Naturalmente interessou-me o detalhe do Benfica.

Fiquei a saber que para a última partida europeia, o resultado prometido seria de cinco a zero (prognóstico demonstrativo do conhecimento futebolístico deste intermediário), resultado final = 3-2.

Foi o Mané que entendeu mal a resposta do intermediário de Deus porque 3 + 2 = 5... irrefutável, a macumba funcionou!

Fiquei a saber que no intervalo dessa partida, quando perdíamos por dois a zero, a ausência do Mané se deveu ao fervor clubistico que o levou a preparar ajuda caseira, um extra à macumba já encomendada e paga, e que para esta macumba foi utilizado Sal, Alho e um Caldo Knorr.

Caldo Knorr ?

Sim, para substituir a Galinha!


Rendi-me, a macumba do século XXI conquistou-me! Vou deixar de trabalhar, vou investir tudo o que tenho em Sal, Alhos e Caldos Knorr.

Já com distensões abdominais várias e gelo nos maxilares, de tanto rir, ouvi ainda que o Benfica será campeão (animem-se as hostes) mas perderá a final da Taça UEFA contra o Tottenham. Se o intermediário acertar nestas é que estraga a historia toda, ou não...

Abraço, agarrado à barriga para não fazer xixi

domingo, abril 8

O amigo da Carne

Diz a experiência que: partilhada meia vida de estradas, não existe espaço para o degradée do afecto com a carne, reunir o carinho do amigo com o amor do homem. Como se engana a experiência...

Entrego, sem qualquer tipo de preconceito, todo o meu amor ao meu amigo, e entrego-me livre porque livre deve ser a amizade. Mas o factor carnal entrou na torrente de verbos e olhares, sem que a inocência me permitisse suspeitar dos avisos.

“Levar para a cama” uma grande amizade, acrescentar-nos o único passo que não ultrapassámos: partilhar também o prazer sexual... seria uma experiência maravilhosa! Tocamo-nos demasiado e há demasiados dias, sempre com honestidade, com vagar, com calor. Amo-a, claro, mas a sua carne não tem para mim significado, sexualmente não existe, não a quero, é um Amigo.

Equacionei a minha postura: que sinais lancei que a possam ter levado a olhar-me também como amante?
Dissequei-me e, conclui que sou culpado! Culpado de entregar, sem qualquer tipo de preconceito, todo o meu amor ao meu amigo, e entrego-me livre porque livre deve ser a amizade.
Mas, considero-me inocente de o meu Amigo ter sido humano.

Abraço de Amigo

quinta-feira, abril 5

Da Pascoa à Mulher

A Páscoa reúne dezenas de festividades pagãs, ao longo de milénios de impérios, numa celebração de três dias que desliza com o calendário lunar.
E nós, maioritariamente, de uma forma ou outra, católicos-apostólicos-romanos, celebramos a repetição do periodo da crucificação à ressurreição de Jesus Cristo.

Jesus morre na cruz vitima de asfixia, num espaço de tempo bastante mais curto que o habitual, provavelmente devido à desumana perda de sangue. E ressuscita ao terceiro dia, conforme a palavra de Deus escrita pelo Homem com um milénio de antecedência.

A primeira pessoa a quem se apresenta ressuscitado é Maria Madalena. A hoje santa e na altura esposa, que a terceira geração de cristãos se encarregou de difundir como “a exorcizada” (uma piada histórica que demorámos dois mil anos a perceber) e mais tarde, na podridão da idade média, como “a prostituta”, mesmo sem qualquer fundamento bíblico que o suportasse.

A ressurreição, o seu repetido testemunho ocular, se bem que sempre dentro do mesmo núcleo de indevidos (os Apóstolos), é o argumento que permite aos auto intitulados “Santos” (primeiros cristãos) defenderem pelo amor da fé a mensagem obviamente lindíssima de Cristo. Uma mensagem que só esteve próxima de ser globalmente incorporada com os movimentos hippies dos anos 60.

Amem o próximo como eu vos amei”.

Mas ninguém amou a pobre da Maria Madalena, o discípulo preferido do filho de Deus, a sua esposa...

Ao retirarem Maria do trono Papal, retiraram da historia milénios nos quais podíamos ter seguido a razão da mulher, quão diferente tudo seria, e é, quando as mulheres comandam.
Um Portugal Matriarca... aliás, com a serenidade feminina no comando das nações, duvido que existisse um Portugal ou uma Espanha, provavelmente existiria uma Europa porque existem oceanos, apenas isso.

Dois mil anos de mulheres a pensar o mundo e tenho a certeza que diariamente escreveria textos tão belos como os daquela Papoila.

Abraço de boa Páscoa

quarta-feira, abril 4

Undertaker

Ontem ofereceram-me o Undertaker, along with Michael Jordan o meu Ícone do desporto como entretenimento made in USA.

Desporto, performance, idiotice... o wrestling abarca todos estes adjectivos.

É absurdo que um evento onde atletas inchados pelos químicos e trajando cuecas ridículas se digladiam em coreografias mais ou menos agressivas, tenha alcançado os mais altos patamares do share televisivo e internautico.
É absurdo que outros homens de barba rija, percam um minuto que seja a assistir a algo tão desprovido de conteúdos.
Mas eu não me importo de ver as lendas em palco e de saber um pouco da novela que enquadra cada “dança”. Proporcionam-me momentos agradáveis de pura distracção, disparam-me pequenas quantidades de adrenalina, ajudam-me a ultrapassar melhor o tempo e mesmo sabendo que me estou a embrutecer é só por uns momentos...

Shame on me, i know it.


Abraço a apertar as costelas

terça-feira, abril 3

Desafio





Quadro by- Mariola Landowska Grablewska


"Lanço-te um desafio, escreveres um post acerca do que farias tu com o orvalho da manha?
Papoila Sonhadora"


Companheiro de tantos inícios, continuamos a encontrar-nos nos hábitos. Não te beijo extasiado como ontem mas sabes que te presto o meu respeito.
Por favor reentra e percorre-me, vibrante de cores com luzes, atestado de sublimes vazios. Deita-te e conta-me novas de outros lugares porque antes que o Sol te funda com a Terra quero voltar a ser criança.

Abraço desafiado

O pior amigo

Família é a minha filha mais uma ou duas mãos de Amigos que presentes ou ausentes alimentam os meus dias.

Nessa gente amiga existe um gajo que deve ser o protótipo do que me leva a afastar do conceito de “Família de Sangue”, como eu a imagino.
É um gajo que se conhece desde os carrinhos e berlindes, com quem se explorou pela primeira vez o Mundo longe da janela dos pais e ate hoje. Um gajo daqueles que faz metade das nossas histórias e no entanto, é alguém que deixou de significar.

É intrigante que possamos desgostar da pessoa, dos seus actos e da sua vida mas, sempre que necessário, e mesmo quando não o é, estamos lá, presentes, prontos para realizar absolutamente tudo o que o nosso Amigo necessitar de nós.

Já não gosto do meu Amigo mas amo-o incondicionalmente.
Deve ser o que se sente por um familiar de sangue...

Abraço na família

domingo, abril 1

Dia com data

O dia primeiro de Abril foi o dia que ela oficializou como tendo sido o primeiro do nosso namoro, por isso é natural que continue a ser a data escolhida para as suas tentativas de suicídio.

Amou-me do puto ao homem.
Abriu-me livros antes de si extractos de poemas.
Levou-me a locais antes de si meras imagens.
Obrigou-me a raciocinar o que antes de si não imaginara.
Ajudou-me a exigir um Eu exigente.

Depois veio o acidente e a desumanidade da tetraplegia... aquele miúdo que fui reclamou-a a Deus durante um ano, e depois deixei-nos.

Já vivi quase tantos anos como os anos que nos passaram, e em todos eles hoje penso mais em Luísa Consiglieri.
O ano passado estava viva...

Abraço em diVIDA

A pessoa que eu fui
que até ao fim ela vai amar
depois dela extinguiu-se
e é ela quem não pode andar?


Minha foto
Algés, Oeiras, Portugal
eu sou quem