Ó
quão rica a memoria de um pelo.
Em
contra-picado cegamo-nos na cascata que, se bem fornicados, nos
conseguirá até engasgar os orgasmos.
Em
plange, enquadram pescoços salivados, arranhados e mordidos, onde no
êxtase mergulhamos, afogando ou ouvidando a voz do esperma.
Chegamos
a cometer a heresia, a ultimate nojice, de nos deslizarmos troncos
abaixo ou pernas acima, para beijarmos, lambermos e até sorvermos de onde eles e elas fazem xixi, e não raro, lá vem um pintelho
entre os dentes, na língua, na face…Ó quão triste a memoria de um pelo.
Mas, e encontrar um deles no bidé ? Fardos a entupir a banheira ? Ah a heresia (de uma refeição à borla) , no prato da sopa ??
Um pelo, cabelo, sobrancelha, pintelho, tem a vida datada ao momento em que se separa, arranca, corta ou é amputado do anfitrião.
A massa que mergulhamos, que nos cócega, que nos acolhe, lixo é desligado de gente.