Apresentações Fictícias

À proa, direccionando-os para as balizas que permitem navegar o Mar da Palha, sentia-se infante mesmo que marinheiro tornado, rudemente debruçado do bordo mais longínquo do skipper, (bom parceiro dos dias do álcool) tradição que grande amparo lhe concedia, agora que se aproximava da margem onde sabia que ela o esperava tão ansiosa quanto ele.

Ela, cabelos longos abençoando o mais belo sorriso, esvoaçava-se altiva, vestes emparelhadas com o Vento que do Rio ele lhe lançava percorrendo-a como se lábios fossem.

Largou-a por uns instantes, folgando panos, e com o desligar do motor num salto tomou o porto. Baloiçava-lhe o corpo ainda ritmado pelo Rio, mas o desfalecer que o precedia vinha-lhe da insegurança com que regia a emoção de privar com um desejo.

Marialva das marés, seiscentas mulheres navegou sem fundear, mas nas raras vezes que uma lhe desemparelhou as velas, miúdo tornou a ser.

Quatro passos e nela se lançou vento tornado, agradecendo o privilegio de tão completo ser, com mesma vontade o abraçar.
Os corações, das artérias fizeram hélices e gritaram entre Gaivotas, encerrando nos ventrículos todos os sentidos.
Os corpos, de tudo pilhados menos do reconhecer, entalaram-se num abraço, surgindo um mais dentro do outro a cada vaga.

E assim se deixaram estar, e assim se apresentaram.

Abraço à outra margem