quinta-feira, novembro 1

Funâmbulos de Esperma

Acariciava-se com o vagar de quem me tem seu. Não me ensinava novas do sentir-se, passeava-se apenas com nossos dedos, e mesmo nos desleixos do percorrer, recusava debandar os olhos que fundo nos meus encontravam fasquias.

Da largura dos ombros ergueu-se pelo pescoço elegância, num impulso que lhe redesenhou o charme dos malares, desabrochando-se em palavra por entre os lábios vincados pela mordedura: Não permitas que me venha meu Amor, implorou-me ventre tornada. E sem razões saber, preguei-a aos cantos do estirador, mão e pé juntos, laçada em asfixia pelos cabos do portátil.

E contemplei-a…
Contorcia-se a vulva com o olhar que no arfar a admirava, distendiam-se ancas e abdominais procurando alcançar homem, e no topo ondulavam no vascular dos peitos hirtos mamilos. Aticei-lhes meus dedos que desde o cóccix a perseguiram ancas acima até aos ombros, para num todo a trazer para o beijo, e só então se cravejaram os dedos nas hastes, com tal fundir que se sobrepôs o grito ao ainda existente do beijo sorvido.
Senti-lhe o pulsar do diafragma mitigar o tórax ensaiando esvair-se, e afastei-me seguido pelo seu protesto.

Rodeei o móvel mastigando-lhe o pescoço exposto pelo peso dos cabelos que se abraçaram às minhas rótulas quando lhe entupi o protesto e, acto seguido, me relancei sobre o fruto caldado pelo intervalo. Língua e dedos vortex do desejo com que lhe tatuava a traqueia.

Repelia-me a garganta asfixiada, mais e mais a cada refração do abdomen que se esvaziou em seco espasmo pronto a concretizar todos os sentidos, e no seu esvaziar me retirei concedendo-lhe maxilares para tornar ao protesto, agora cantado no timbre do pranto.

Pingava-mos-nos pelo queixo, lábios inflados.
Tornozelos e mãos empunhei-lhe, escorregando-me monarca entre paraísos, atormentando-nos com coitos até por fim nos tornar um por inteiro.
Vazou-se-lhe toda a expressão do rosto para os glúteos que no contrair engrossaram o empalo num não mais puder suster que se retorcia no dedilhar de meus dedos.
Possui-a infame até convulsar eu próprio e me aperceber egoísta da memória dela. Travado, encontrei-a atravessada no início do meu nome. Voltou ao olhar para me fulminar e abandonou-se num monólogo de misérias.

Descrucifiquei-a, mais para lhe sentir tornar a perfeição da tez que por conforto, e troquei-me para a rua do útero, onde espasmódico lhe recebi os sobressaltos do sangue vida redescobrindo as artérias secas dos membros dormentes.

Repousou os segundos de ter peito e, reenchida, lançou-nos com ira no soalho, página branca das nossas ordens.


Abraços

Foto not by me

23 comentários:

sonhadora disse...

Beijinhos embrulhados em abraços num momento em que ambos nos pensávamos.
Há minutos assim!

Belos!

sonhadora disse...

é tempo de querer. amemos.
beijinhos embrulhados em abraços de mel

Sant'Ana disse...

O auge da coroação.
O manto da pele cruzada nas impressões digitais fundidas no beber.
Rei.

Eme disse...

wooowww
Mon cher André
As coisas andam a aquecer por estes lados ultimamente. Gostei. Gosto bastante de prosas longas sobretudo quando se vai sustendo a respiração até ao desfecho, como foi o caso.
Submissão..
Bondage,um tanto aligeirado mas as palavras podem enganar. Cool :)

Beijo meu e lindissima noite.

PS: A protagonista sobreviveu?
(beijo de fugidaaaaaaaa)

Teresa Durães disse...

ando a perder muito para estas bandas. tenho andado cheia de trabalho e ausente à net...chegõ post e voo.

hoje assim

beijos

mari (a)penas... disse...

O amor, o desejo, a loucura!
Muito bom o post!

Bjinho*****

Anônimo disse...

O orgasmo, faz falta, alivia e por vezes cria...

Luis Prata disse...

Mas que belo texto... brutalíssimo... A sério, muito bom mesmo...

1 Abraço

AC disse...

SONHADORA
Estendam-se todas as passadeiras, temos uma visita muito especial!
Muito obrigada miuda.
Completamente melado devolvo abraços embrulhados em beijinhos.

SANT
Uau, obrigadissima, vindo da escritora que vem tem um poder de derrube particular.
Plebeu.

M.
Terminou o verão, aqueço eu.
Bondage light - por acaso nem sou adepto de adereços, chama-me (ainda mais) velho mas: corpos e espaço! o resto são distrações pseudo tantricas.

AC disse...

TERESA
Podes chegar e nem sequer comprimentar, desde que chegues.
Beijos

MARI
Muitissimo obrigada
Beijinhos

SNIQPER
O orgasmo é essencial, tudo o resto as suas munições.

PRATAS
Obrigadão parceiro
Abraço forte

Ás de Copas disse...

Li-te de uma só vez, querendo chegar ao fim, mas querendo prolongar as...uffff... intensas emoções que pairaram no ar!
Beijo

sonhadora disse...

tens-te, és-te homem feito vulcão de prazer derramado nela. lava de paixão consolidada em dois corpos que se vêm em amor ardente.
Beijinhos embrulhados em abraços de lua cheia. sou-te.

GarçaReal disse...

Em plenitude a vivência de um "MOMENTO"...Pode ou não ser efémero.

Descição feita na perfeição.

bjgrande

Eme disse...

Corpos e espaço? Isso foi o que o Gonzalez disse sobre a obra de Picasso. Acende lá a luz e deixa ver esse desenho crucificado no estirador. Afinal onde estava eu? Era só conversa tântrica. Vim buscar um casaco e mergulho novamente na noite.

*Um Momento* disse...

Entre sonhos , libidinagem, desejos e caricias ,se comtemplam,se tocam se sentem e amam...
Na posse dos sentimentos, convulsões de prazer brotam,a lascivia assimilam e o momento saboreiam.
Em um só , flutuam por entre mágicas sensações,poderosas emoções que o corpo não sabe explicar,só o prazer divinal do sentir ,explodindo em turgescência tornado...

Beijo nosso

(*)

Anônimo disse...

Passo para apresentar um novo blog .
«A Boca do Charroco»
Novo post .
"Ele há coisas do caraças ."

Bom fim de semana .

as velas ardem ate ao fim disse...

Eu amei este texto.Sem mais.

bjo

Helena disse...

Foi como se tivesse espreitado pelo buraco da fechadura. Muito bom. Já é habitual.

Beijinhos.

Anônimo disse...

Parabéns.

Escrita absolutamente sublime...

*Um Momento* disse...

Incrivel o que conseguis-te com esta imagem...
Só agora e por acaso a "descodifiquei":)))

Parabéns!
Beijo nosso

(*)

Anônimo disse...

bonito... fora!
Isso que já não sentes por aqui.

Anônimo disse...

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