domingo, setembro 9

Quando

Quando comer parte não faz, empobrece o corpo.
Quando dormir se pede em vão, desperta o ontem.
Quando cantar não arrebata no olhar se emudece,
a solidão devorante deste dessentindo acontece.

Pregos que o peito me atravessam
nem uma gota de ar me reemprestam.
Amigos são-me agora os comprimidos,
ciente de mais oito horas de placebos.

Quando pintar não diz, esfuma-se o verbo.
Quando o compincha parceiro se descobre.
Quando amar se esquece porque impar foi,
desespero ou apatia se consome do que doi.

Porque apenas o tempo pode recuperar
aquilo que fui e já não sou por a amar.
Maldito que se passeia sempre tão lento
proscrito de mais um verbo feito lamento.

2 comentários:

Mi... disse...

Quando a dor passar,
outros caminhos irás encontrar,
Chorar... sorrir... amar...
passeando lenta ou velozmente
pela vida triste ou alegremente...
foste, és ... serás...
jamais deixes de caminhar...

(*)

AC disse...

A dôr está a passar, mas ficam salpicadas por aqui e acolá, saudades do que podia ter sido.
Outros caminhos caminharei, certamente !

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Algés, Oeiras, Portugal
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