quinta-feira, fevereiro 26

Visitas

Depois da filhota fica a falta. Ficam a despensa e o frigorifico vazios, e fica o chão (madeira, pedra e alcatifas) imundo.
Depois da filhota, chegam as visitas. Poucas, nada diário e até à entrada da manha como no quarto verde em casa dos velhos, mas as poucas que aparecem são-me vida.

É o casal da margem sul que traz álcool e café, que paga a encomenda do Chinês, e que se fica noite dentro, jogando e tertuliando.
E o baixista que vendeu esta casa à minha ex mulher, que aparece armado de cerveja sem álcool para mais uma Jam com o JR, um amigo de infância novamente visita dos meus dias.
E aparece para conversa da séria e da única, um alentejano filho de Alfama, com o dom de traçar e compreender como a poucos conheci.
E a mãe da filhota, porque desincruzaveis são os nossos passos.
E a ex namorada, porque nossos passos não se conseguem descruzar.
E limpam-me os pelos do chão os três filhotes dos emigrantes, enquanto os pais me actualizam de meses em horas.
E o DJ que enche a mesa de todo o tipo das melhores drogas, infelizmente todas a preços inatingíveis.
E o T, irmão do rugby, da musica, do pôr-do-sol, e das noites bebidas de existência.
E assenhora-se do sofá vermelho o meu sportinguista preferido, vitaliciamente secundado pela minha amiga preferida dos dias de António Arroio. Um casal que já viu mais Terra que eu, mas eles continuam, todos os anos!
E aparece o Antropólogo vizinho do exorcista, no alter-ego de realizador cinematográfico, boemiamente acompanhado por um Dom da parte menos rica dos Bragança.

Enfim... muito poucas mas muito boas, enchem-me por dias.

(tenho perfeita noção que mais não são porque vivo onde vivo, mas mais uma vez se aproximam tempos de mudar)

16 comentários:

Unknown disse...

Ah! Isso sim é vida! casa cheia de amigos e histórias e álcool e drogas e mais e mais!!
Beijos bons!

Menina do Rio disse...

Ao menos podes dizer que és um gajo bem "habitado"...Isso é bom!

Então moras em Oeiras? é onde minha filha tem o restaurante.

Querido, recebi o beijo ainda com gosto de sal e inteiro!

Sopro um daqui ao calor da tarde. Pega-o!
Cuide-se
:)

Mic disse...

"porque nossos passos não se conseguem descruzar."

vieira calado disse...

Olá!
Passei para deixar um abraço

moonlover disse...

Delicioso!
o texto
a filhota
os amigos
o cenário
a tertúlia

e
a tua
casa ;^)

abreijos
txigototanti
*b

Moura ao Luar disse...

O entra e sai é bom... mas eu também gosto da minha solidão. Beijo

Eme disse...

Ainda gostavas de mudar para caberem mais visitas mas onde pode haver outro espaço com a claraboia a oferecer-te de tempos em tempos uma lua gigantesca que veneras dedilhando nas cordas da guitarra?
E aqui entre pêlos de cadela (de quatro patas claro), o sofá vermelho e as múltiplas personagens que te entram casa dentro no brando rocaçar da tua hospitalidade, tu és soberano nos entreténs do anoitecer, nos consolos da meia noite e nas saudações das manhãs.

Beijo orgulhosamente desincruzável.

escarlate.due disse...

e com tanta visita (excelente) haverá motivo para te queixares? :)

Teresa Durães disse...

ah! os filhos, os filhos! Aqui a casa enche-se de um silêncio esmagador na sua ausência

as velas ardem ate ao fim disse...

Isso sim é vida.

Gostava de ter amigos assim...

um bjo e uma boa semana

mari (a)penas... disse...

E que nunca te faltem visitas, nem de amigos nem da filhota.

Li o teu primeiro post e achei interessante o facto de precisares de mais espaço.
Este agora também é visitado e habitado por vários amigos ou conhecidos da blogosfera.
E olha, fico muito agradada com a forma como o preenches!

Deixo-te um grande beijo!

AnaMar (pseudónimo) disse...

Dói a ausência dos filhos. Dói novos rumos de vida. Mas é preciso recomeçar. Com energia.
Felicidades.

Carla disse...

histórias de vida, ou uma vida com histórias de permeio, mas o que mais custa mesmo é o vazio que um filho nos deixa
beijos e boa semana

Street Cat disse...

Muitas vezes é a ternura que nos toca, e neste post que já reli sem fim é sempre a ternura pelos olhos que enchem os teus e pelos amigos que adoras duma forma tão tua como incondicional. E que bom deve ser estar à conversa assim sem horários de amanhãs e esta linha de água que temos aqui tão perto promete sempre uma nova esperança...não é vizinho?

Anônimo disse...

"...são-me vida..."
vida cheia

Helena disse...

E, sinto a falta de mais palavras tuas...É como chegar ao fim de um filme de que se gosta muito e querer que a história continue.
As vivências são-me tão familiares, algumas tão semelhantes, que só podemos mesmo ser irmãos.

Beijo com cafeína, pq. estou morta de sono...

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