quarta-feira, fevereiro 6

Sophia de Mello Breyner

Trabalhando isto (se depende-se apenas de mim, já estava feita...)

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais e os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge a agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo marinho. Um polvo avança
No desalinho dos seus mil braços, uma flor dança,

Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa tem um monstro em si suspenso.

Nenhum comentário:

Minha foto
Algés, Oeiras, Portugal
eu sou quem