Dia de Sol

No final da tarde decidiram enlouquecer-se. Era um jogo que praticavam regularmente mas na praia as regras dependiam não da malvadez da imaginação mas do despudor do atrevimento.

Para ELE era um jogo perdido. Bastava olha-la para que uma gota de esperma lhe buscasse os calções e, quando se defendia, os dedos da louca encontravam formas de o obrigar a reabrir os olhos.
Para ELA não era um jogo obrigatoriamente ganho. Os dedos do louco conheciam-na, o que, complementado com alguns vocábulos indecentes, a obrigavam a roçar ritmicamente as coxas para se secar.

O jogo foi interrompido pela necessidade. Fizeram-se à estrada para regressar a um qualquer ninho, um qualquer espaço onde desenlouquecer, mas foram travados pelo trânsito…

No trânsito ELA conduziu-lhe a mão da coxa para entre as coxas e ELE constatou o inevitável: estava encharcada, também ELA escorria desejo.
Masturbaram-se até que ELA, mordendo os lábios com um olhar selvagem, se soltou do cinto de segurança, arrastou-lhe os calções até aos pedais e engoliu-o inteiro, de uma só vez apresentando o prepúcio ao escroto.
ELE, uivou mais de dor que de prazer.

Do lado de fora do espaço sem vidro, uma senhora alongava mais e mais o pescoço para conseguir a visão global; miúdos e graúdos deixavam-se atrasar na bicha para voltarem a olha-los; e às motos pedia com o olhar que os deixassem... Mas elas nem sempre os deixavam, e ELA nem por um segundo o deixou, nem quando chegaram.

Abraço à Marginal, esse palco com limite de velocidade.