domingo, maio 25

78ª Feira do Livro de Lisboa

(a última a realizar-se nos moldes tradicionais)
Passar pela Feira do Livro, é um ritual que desde sempre me acompanha.
Subi da Avenida da Liberdade ao Parque Eduardo VII pela mão da minha Mãe, abraçado aos amigos com uma litrada na mão, com a filha no colo mãos cheias de amor, e com todas as mulheres da minha vida nas mãos.
Mas raramente as pouso, as mãos, em livros que não tenham bonecos. Os com letras empilham-se em colunas de Quero Ler, e quando leio repito-me invés de me cultivar... não fossem os Blogs e completamente bruto seria!

Sim, ainda espreito a Bertrand à procura de Extraterrestres e outros mistérios que tais, e actualizo-me dos novos Dicionários na Porto Editora. Mas nessas bancas de livros com letras apenas me detenho na Europa-America, seguidora das grandes colecções de Ficção Cientifica iniciadas pela Bertrand nos anos 70, e depois têm o António Damásio e o Sven Hassel o que os torna num must desta minha peregrinação.

Desço e subo em zig zag, procurando Banda Desenhada.

A B.D. disponível no nosso mercado é basicamente mainstreamista mas felizmente somos municiados por gentes com bom gosto e aos poucos quase tudo o que tem qualidade acaba por ser editado em português. (mas bendita Internet que nos libertou dos prazos dos editores made in Pt)

Esta é mais uma feira fraca para a B.D., pelo menos para quem a segue, basicamente porque não existe qualquer politica que aponte as publicações chave para alturas de maior receptividade, como a Feira da Amadora e esta Feira do Livro de Lx. Espalham-se publicações por 365 dias sem qualquer objectividade, espalham-se na maior parte das vezes sem qualquer tipo de publicidade ou aviso, e aqui o cliente lá as vai descobrindo nas suas voltinhas pós laborais ou by benditas sub-editoras da Internet, e quando chega à Feira do Livro as novidades são escassas.

Esta falta de politica, que nos faz perder leitores e às editoras dinheiro (eu defendo que o futuro leitor não tem tempo para procurar, tem de ser guiado) ainda são resquícios do tremendo assalto que a Meriberica-Liber realizou nos anos 80, em que Telmo Protásio se assenhoreou dos direitos de tudo o que existia e poderia vir a existir, migalhando-nos com alguns anos de prosperidade, e depois maltratar-nos até falir e morrer mal amado.

Aquele que foi o maior editor nacional de B.D. de todos os tempos este sábado não se encontrou representado com nenhuma das suas habituais quatro bancas, que chegaram a ser quase uma dezena. E eu fico melhor sem a presença de quem quase asfixiou a B.D. em Portugal. Aqui, benditas Asa e Vitamina BD, graças a quem outros autores, outros traços, outras correntes, outros cultos nos foram apresentados, arrancando o leitor português de uma segunda idade das trevas (a primeira foi quando só conhecíamos o Tintin, o Lucky Luck, o Asterix e a Anita, a idade da Bertrand)

A Bizâncio é muito boa onda, de lá trouxe mais daqueles dramas familiares contados a P&B na forma de piada, e da mega bendita Vitamina BD trouxe o Afrika do ultimo dos grandes mestres, Hermann, aguardando a altura certa para ser digerido.

Do espaço, ficaram-me na memória muito mais bancas de comes-e-bebes, alguns rostos colunáveis, e um novo espaço comunitário onde se incentiva um contacto ainda mais próximo com o livro mas que a mim me distanciou.

Já foi melhor, já foi pior, já foi diferente. Eu fico contente por continuar a ser venha do futuro o que vier...

segunda-feira, maio 19

Ela viu o Amazonas

Mariola Landowska não é apenas a companheira do meu buddy, é também uma artista plástica com um daqueles currículos de exposições que não caberia numa das suas maiores telas.

Dizem-lhe que “é uma verdadeira ponte entre culturas”, ou que se “aventura pelo Ciclo de Criação”.
Diz de si própria que nos propôs “um olhar sobre o fragmento da vida, que leva consigo uma lenda, um sonho, como em tantos outros lugares na terra.”
Eu olho-a retratista das emoções da memória, como tantos outros de nós, mas o maior engenho com que retracta e a espiritualidade com que memoriza, entregam-nos impares cozinhados de pulsações, neste caso, os de mais uma das suas viagens temerariamente solitárias pela Amazónia.


Fui assistindo, esporadicamente, à passagem da fase Azul para a fase Rosa-Magenta, uma exuberância cromática que saltou das personagens para os espaços, cobrindo (ainda lá se encontra, encoberto) o que antes seria outra serenidade, ora comungante ora observadora, agora interventiva. Mas, in presença de toda a obra, não pude deixar de sentir os radicalismos que, neste caso, me chocaram, retirando paladar ao tacto :)

Desta Amazónia preferi as apresentações na colecção 2007, naturalmente mais frescas e expansivas, mas gostei... não tanto dos espaços manchados que se mantêm no estilo e no enquadramento, mas gostei...

Tudo de bom Mariola e VENDE TUDO!!

Às centenas de vocês que passarem pelo Centro de Arte Contemporânea da Amadora (em Alfragide): é proibido fumar! Depois não digam que não sabiam.

Abraços

terça-feira, maio 13

Avé Tecnologia

Dona Principelina jazia sobre os joelhos que há décadas não dobrava, balbuciando cânticos que ninguém mais sabia entender, como se do quintal tivesse recebido todo o pavor de uma vida que pertencia a outro lugar.
Resgatada pela chegada da filha voltou-se, ainda no tempo de um esgar insano, antes de se desvairar em ladainha: “Nossa Senhora visitou-me e não quis falar comigo”, contorcia-se na agonia.

Dona Bina, vizinha do andar de cima, não podia estar mais orgulhosa. Era a primeira do Bairro a possuir um Projector de Slides...


(photo not by me)

sexta-feira, maio 9

Porquê?

1) O Benfica fez-me perder mais uma aposta ?

2) Converti-me a Krishna ?

3) Quero ter a pinta do Bruce Willis ?

4) Protesto contra as pázadas de pelos que o cão deixa por todo o lado ?

5) Quero saber que doença me vão inventar lá no Bairro, e se lhe sobrevivo ?

6) Para “camuflar” a minha careca a-la Santo António ?

7) Quero ver como cresce ?

8) Outra ?

Abraços

terça-feira, maio 6

Quilómetros

Piso-os às dezenas.
Escoltado pelo fim do Rio, enquadrado pela Mata, aconselhado pelo único dos meus vícios que nada tem de ruim.

Atravesso-os às centenas.
Rápido e devagar, mas sempre com uma função, desprovido de escolha.

Quilómetros. Tantos todos os dias, que esqueci aqueles tão poucos que maior prazer me traziam: os caminhados com a Lua!

Esta madrugada passeei o cão, e lembrei-me: adoro caminhar de noite!

Abraços
Minha foto
Algés, Oeiras, Portugal
eu sou quem