sábado, outubro 20

Cinco Quandos

Quando este olhar se cerrar para a última vez
sei e sinto com a certeza da idade percorrida
que do sumario destes tão privilegiados dias
mais de meio tempo te pertenceu minha vida

Quando estes lábios sem língua calar enfim
sei e sinto na certeza do tanto experimentar
que apenas um verbo conseguirei reproduzir
aquele que te chama e se anuncia no cantar

Quando esta pele nada mais de fora receber
sei e sinto com a certeza do tanto que palpei
que deus humano longos instantes nossos fui
que deus humano fui porque um dia te amei

Quando os pulmões se separarem das narinas
sei e sinto na certeza do aroma que te recordo
que teu será o odor do mais belo anjo da morte
e que sorte será não mais viver sem teu sentido

Quando emborcar a saliva do final da estrada
sei e sinto com a certeza deste paladar eterno
que teus lábios do rosto e das coxas retragarei
e aliviado seguirei o caminho de outro inferno

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